"We have not yet made shoes that fit like sand"
Ainda Stieglitz e o seu círculo, mas não ainda as mãos de Georgia O’Keeffe, nem as árvores, nem as nuvens, nem a música. O catálogo do Reina Sofia é bastante completo e penso que não terei dificuldade em encontrar essas séries na internet (antes disso já eu tinha anotado, porque desconhecia se compraria o catálogo, as colecções a que pertencem). A única coisa que não encontrei no catálogo e que está numa das paredes da exposição é um poema de Arthur Dove. No museu estava em castelhano, mas a internet devolveu-o na língua original. Não obstante, mesmo em castelhano já parava a exposição, o museu, o tempo, as rotações da Terra e não sei que mais. Como o frio cortante, a neve, uma estrela avistada subitamente entre prédios e gestos citadinos, como o vento do deserto quando sopra em Dezembro, um poema pode devolver-nos uma medida. A medida.
«A way to look at things
We have not yet made shoes that fit like sand.
Not clothes that fits like water,
Nor thoughts that fit like air.
There is much to be done –
Works of nature are abstract,
They do not lean on other things for meaning.
The sea-gull is not like the sea,
Nor the sun like the moon,
The sun draws water from the sea,
The clouds are not like either one –
They do not keep one form forever.
That the mountainside looks like a face is accidental.»
Arthur Dove
1925
2.3.05
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