30.8.05
Ainda "Nós"
Este livro está a provocar-me tantas ondas como escrever provoca indisposições a D-503. É um espelho tremendo (vénias a Zamiatine). Leva-me pela mão, sem que me ocorra espernear, a questionar a liberdade natural dos humanos (dos humanos, como se eu não fosse, note-se: está mesmo a fazer-me... algo). O Direito – que aceitamos e que construímos há muito – não é uma forma de limitação do caos inerente a essa liberdade natural ou... selvagem? E as normas éticas, mesmo aquelas não impostas pelo poder? Em "Nós" há constantes alusões à lógica matemática e à estruturação do universo, que são coisas ordenadas, exactas, certas, sem ideias, inspiração ou instinto de revolta. De facto, não consigo imaginar um golpe de Estado liderado por estrelas ou um grupo de átomos de Hélio em conspiração contra quarks. Ou que os planetas de um dado sistema estelar se unam contra a ditadura "gravitacional" da estrela central, ou das estrelas centrais, no caso dos sistemas múltiplos. Todavia, essa estrela central impõe-se, poderosa. Subjuga. Isto é óbvio como a noite ser negra e Andrómeda tão longe que não conseguimos lá chegar, mas também as dores de dentes são óbvias e não é por isso que deixam de doer, é? Que o Direito venha desde sempre a conformar ou balizar a nossa liberdade de acção aceitamo-lo bem: é uma tradição vagarosa. Acorrenta-nos onde deve. E defende-nos. Há ainda a moral do melindre, que social e voluntariamente impomos uns aos outros: o politicamente correcto, desde logo, e todos os seus satélites, dos mais razoáveis aos mais mesquinhos. Mas se um ditador aparecer, subitamente, passamo-nos. Sim: o caos inerente à liberdade natural (longíqua e absoluta) não se confunde com o conceito de liberdade perante o poder. Mas o que me incomoda mesmo mesmo mesmo muito muito muito é que começa a surgir em mim uma pergunta que eu não pedi: nós, criaturas pensantes, que nascemos do e no universo, podemos permanecer (não digo viver mas permanecer, continuar, durar) no universo sem que uma ordem análoga – e, naturalmente, também poderosíssima – nos conforme?
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