O que me custa mesmo no trabalho é ser entre paredes e levar-me o mais bonito das manhãs e das tardes. A hora de almoço sabe-me a pouco. A esmola, para ser mais exacta. O que eu queria era o tempo todo do vento e dos sons da cidade. Às onze da manhã, por exemplo, a cidade é mais bonita. O sol é mais leve. O trânsito e os passarinhos ouvem-se ao mesmo tempo. E os passos das pessoas.
Devia ser jardineira. Ou carteira. Ou ir fotografar casamentos. A propósito da última alternativa delirante, ontem estive nas galerias do Martin Parr. Se eu fosse fotografar casamentos, Martin Parr seria SEMPRE o meu santo padroeiro.
Já cá faltava, não? Já. Além disso, há que aproveitar este bom alinhamento: para fotografias do Martin Parr, melhor que um blog cor-de-rosa, só mesmo um blog com fundo de azulejos da década de 70.
Grandes vivas a Martin Parr, o mais extraordinário, original e clássico fotógrafo vivo. Ninguém nunca fotografou e ninguém mais fotografará batatas fritas da mesma maneira. Ou chinelos de cetim cor-de-rosa (com este fundo, essa é que era essa, quem sabe mais logo).

@ Martin Parr/ Magnum