30.9.05

Dos espelhos abertos

Não é nada que se note muito. O pasmo brusco de um gesto e um segundo separam-se do resto, no dobrar do corpo para guardar um elástico de cabelo na mochila. Os olhos tropeçam: um pé sobre o chão sabe-se chão sobre a terra, que se sabe terra no negro magnífico dos relógios. Sabe-se, nesse corpo, da existência de fontes dentro das estátuas, que o fundo do mar acolhe colónias de piratas pianistas, que a água é o lugar do sangue. A rua podia abrir-se como o barro líquido nas mãos, enrolar-se nos dedos, fazer-se estalar, dissolver-se. O que se passa, ainda assim, não anda muito longe do choque doméstico que uma torradeira avariada provocaria. Continua-se. Há algas secas nos braços e continua-se. Excepto pelo ar maior que os edifícios, desproporcionado e orgânico, ninguém diria tanto riso dentro da morte.

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