Tudo isto porque fui encontrar, nos arquivos da Primavera, uma fotografia do meu jardim:
O esplendor foi interrompido. A luz é opaca. O verde é sol e é pó. Mais dia menos dia dou por mim a ouvir Nirvana ou Alice in Chains, com a mesma urgência de quem procura uma camisola de lã. Porque está mais frio. Porque os dias são cinzentos e curtos. Porque têm um cheiro, ou vão ter em breve, um cheiro de frio em ar morno e um cheiro a lenha que se repete todos os anos. O Outono é uma invenção do olfacto. É também uma invenção da luz cinzenta muito clara e da chuva tímida. E das esplanadas de cadeiras molhadas. Reconstruída a memória nessas evidências, os anos diluem-se. Só há um Outono e recomeçou. É aqui que me esperam todos os fantasmas. Um deles tem uma rosa para mim.