Lisboa fora de horas (cinco CDs menos o sexto, que era o primeiro, depois)

Faz de conta que são agora sete da manhã. Encerrados os excessos inesperados a que me dei nos últimos dias, devia ter ido dormir imediatamente depois do trabalho, mas não. Fiz-me andar uma das mais compridas ruas de Lisboa até à natação, cheguei atrasada, não consegui mergulhar de costas, insisti, fartei-me de beber água pelo nariz e, devido ao sono, o cloro lixou-me os olhos como nunca. Durante os exercícios, os outros, os que correram bem, e sobretudo enquanto nada de mim restava fora de água, soube ser aquele o único lugar onde queria estar e porque razão reunira energias para chegar até lá.

A seguir, bem, a seguir devia ter tomado duche e ter ido logo dormir, mas também não foi isso que aconteceu. Já na rua, a calmaria da natação instalada no corpo e a ausência de frio levaram-me em sentido oposto ao da minha casa. Quando percebi estava no Rossio. A proximidade da Fnac e o facto de saber isto



quase a sair, levaram-me mais longe. À desgraça, pois. É que a Fnac ainda não tem o CD. Mas tem outros. E eu, de trombas porque não ia trazer um Brad Mehldau a estrear (Beatles, Burt Bacharach, Paul Simon e, outra vez!, Nick Drake), fui às estantes. Contas feitas aos estragos, trouxe:

- Ella Fitzgerald & Billie Holiday - "At Newport"
- Bobby Hutcherson - "Dialogue"
- Miles Davis - "Birth of Cool"
- Ella Fitzgerald with Marty Paich and his Orchestra - "Whisper not"
- Ella Fitzgerald/ Frank DeVol - "Sings Sweet Songs for Swingers"

Os dois últimos são umas edições muito fininhas da Verve, com capas originais e réplica daquela que foi a contracapa do vinil dobrada em quatro, junto ao disco. Edições muito muito bonitas. E eu andava há meses à procura do último. Experimente dizer-se alto sings-sweet-songs-for-swingers. Foi assim que me apaixonei. E estou a ouvi-lo. E, não, não há só felicidade fonética nisto: é mesmo lindo.

Nota de irritação (e falta de sono, sim): fui também à estante da Nina Simone porque queria ter, embora o conheça e possa ouvi-lo quando me dá na gana, o "Jazz as Played in an Exclusive Side Street Club" e porque não conheço completamente e queria conhecer "I Put a Spell on You". Dá para acreditar que estavam lá uns quarenta CDs e que quase todos eram antologias? Excepção para "Nina and Piano". Porquê mEU dEUS, porquê?

Como se não bastasse não conseguir ir imediatamente dormir depois de cada coisa que involuntariamente dei por mim a fazer, quando por fim cheguei e jantei, distraí-me e, no fim, tomei café. Felizmente, estou tão cansada que não pode fazer efeito.

Agora mesmo, horizonte de sono cada vez mais próximo, apeteceu-me vir aqui.

Mas vou-me embora já. Amanhã vou actualizar a leitura deste blog e de outros e pôr ordem nos mp3s. E talvez editar este post com mais imagens.

Bons sonhos.

E boa sorte para mim. Como isto está - isto é, corpo e cabeça com decisões que não me parecem minhas - nada garante que eu consiga ir dormir. E preciso mesmo.