2.10.05

Outra vez a canção-de-gaja-despeitada mais bonita do jazz

Uma das maiores delícias da música é a ocorrência de letras-de-gaja-despeitada lindíssimas que (nos) vingam as gajas que as ouvem. Eu gosto especialmente das do jazz. O prazer da vingança nada tem que ver com proximidades ou distâncias temporais relativamente aos crimes pelos quais são unilateral e justamente condenados os protagonistas das tragédias, mas com o facto de se ser, ou não, muito naturalmente (no hard feelings, really), gaja – com I. Nem a letra, por si, consuma a vitória da gaja despeitada, essa entidade universal da magia negra mais temida no reino vegetal. A vitória engendra-se no risco e confirma-se no risco, no despudor, no gozo, na grande lata. De notar, por exemplo, a forma como Nina Simone pronuncia "independently blue" em Love me or leave me. E a tónica psicótica (para assustar, isto é a sério, põe-te a pau) do quinto e do sexto versos.

(High Priestess of Song)

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