"É uma seita, filha, é uma seita!")
"Sr. Presidente: a altíssima distinção que acabámos de receber de S. S. Pio XII premeia, em absoluto, a política de reparação e de justiça levada a efeito pela Revolução Nacional, que o não seria se a não tivesse empreendido. Política de reparação e de justiça, sim! Contra a acção anti-religiosa, anticlerical, dos homens do 5 de Outubro, os quais, com raízes na maçonaria, estultamente pretenderam enfrentar um passado de oito séculos, vivido em união do Estado com a Igreja, julgando poder acabar, pela laicização do povo, com a religião em duas gerações.
Política de reparação e de justiça, sim! Contra as leis iníquas que eram a negação da liberdade e inviolabilidade das crenças religiosas, da liberdade da expressão do pensamento, da liberdade de associação!
Em nome dessas liberdades assassinaram-se religiosos indefesos, encheram-se as prisões de outros, expulsaram-se e espoliaram-se dos seus bens as congregações religiosas, e para o fazer, Sr. Presidente (que ironia!), os liberais de então puseram em vigor uma lei de regime absoluto, de que é autor o tipo mais acabado de déspota e de ditador que tivemos.
Mas, Sr. Presidente, é sabido que os liberais de todos os tempos, de todos os hemisférios, foram sempre assim. Quando lhes convém, transformam-se nos mais ferozes inimigos da liberdade dos outros.
Em nome dessas liberdades, Sr. Presidente, assaltaram-se os jornais, destruíram-se associações, os círculos e os centros católicos, e não houve nada que se não fizesse para magoar e ofender a consciência católica do País.
Política de reparação e de justiça, sim! Contra a precedência obrigatória do registo civil para todos, quaisquer que fossem as suas crenças, sem qualquer vantagem, só para vexar os católicos, só para desviar o povo da Igreja; contra a abolição dos dias santos como feriados, alguns dos quais com longa tradição. Neste ano, em que vai celebrar-se o tricentenário da Padroeira, fica bem ao Governo repor o dia 8 de Dezembro como feriado, como homenagem àquela que, desde o alvorecer da nacionalidade, foi a protectora da nossa terra, que também é sua, porque é terra de Santa Maria.
Política de reparação e de justiça, sim! Contra a funesta lei do divórcio e das dissolventes leis de família que fomentaram a sua desagregação; contra a abolição do ensino religioso nas escolas, materializando e paganizando as consciências das crianças, que levavam em cortejos com pendões em que se lia o lema: «Sem religião, sem Deus»!
Política de reparação e de justiça, sim! Contra a mais opressiva de todas as leis - a lei da separação -, que amarra deslealmente a Igreja ao Estado por aquela divisa, com cinismo proclamada: o A Igreja suspeita no Estado vigilante»!
Em nome dessa lei praticaram-se as prepotência maiores, as injustiças mais clamorosas, os crimes mais miseráveis!
«Vexados, perseguidos, punidos e, como complemento, caluniados, eis a sorte dos católicos neste País!» - clamam os bispos na célebre pastoral colectiva que determinou o desterro da maior parte. Mas o desterro era o menos que lhes podia suceder, quando não o vexame de serem apupados, escarnecidos na via pública.
Até aqui, nesta sala, como refere Teófilo Duarte, entre as risadas dos seus pares, um Deputado classificou os bispos de «vigaristas da religião, batoteiros do altar, funambulos da Cruz»!"
(19/02/1946) (continua aqui)
© Assembleia da República
"Sr. Presidente: a altíssima distinção que acabámos de receber de S. S. Pio XII premeia, em absoluto, a política de reparação e de justiça levada a efeito pela Revolução Nacional, que o não seria se a não tivesse empreendido. Política de reparação e de justiça, sim! Contra a acção anti-religiosa, anticlerical, dos homens do 5 de Outubro, os quais, com raízes na maçonaria, estultamente pretenderam enfrentar um passado de oito séculos, vivido em união do Estado com a Igreja, julgando poder acabar, pela laicização do povo, com a religião em duas gerações.
Política de reparação e de justiça, sim! Contra as leis iníquas que eram a negação da liberdade e inviolabilidade das crenças religiosas, da liberdade da expressão do pensamento, da liberdade de associação!
Em nome dessas liberdades assassinaram-se religiosos indefesos, encheram-se as prisões de outros, expulsaram-se e espoliaram-se dos seus bens as congregações religiosas, e para o fazer, Sr. Presidente (que ironia!), os liberais de então puseram em vigor uma lei de regime absoluto, de que é autor o tipo mais acabado de déspota e de ditador que tivemos.
Mas, Sr. Presidente, é sabido que os liberais de todos os tempos, de todos os hemisférios, foram sempre assim. Quando lhes convém, transformam-se nos mais ferozes inimigos da liberdade dos outros.
Em nome dessas liberdades, Sr. Presidente, assaltaram-se os jornais, destruíram-se associações, os círculos e os centros católicos, e não houve nada que se não fizesse para magoar e ofender a consciência católica do País.
Política de reparação e de justiça, sim! Contra a precedência obrigatória do registo civil para todos, quaisquer que fossem as suas crenças, sem qualquer vantagem, só para vexar os católicos, só para desviar o povo da Igreja; contra a abolição dos dias santos como feriados, alguns dos quais com longa tradição. Neste ano, em que vai celebrar-se o tricentenário da Padroeira, fica bem ao Governo repor o dia 8 de Dezembro como feriado, como homenagem àquela que, desde o alvorecer da nacionalidade, foi a protectora da nossa terra, que também é sua, porque é terra de Santa Maria.
Política de reparação e de justiça, sim! Contra a funesta lei do divórcio e das dissolventes leis de família que fomentaram a sua desagregação; contra a abolição do ensino religioso nas escolas, materializando e paganizando as consciências das crianças, que levavam em cortejos com pendões em que se lia o lema: «Sem religião, sem Deus»!
Política de reparação e de justiça, sim! Contra a mais opressiva de todas as leis - a lei da separação -, que amarra deslealmente a Igreja ao Estado por aquela divisa, com cinismo proclamada: o A Igreja suspeita no Estado vigilante»!
Em nome dessa lei praticaram-se as prepotência maiores, as injustiças mais clamorosas, os crimes mais miseráveis!
«Vexados, perseguidos, punidos e, como complemento, caluniados, eis a sorte dos católicos neste País!» - clamam os bispos na célebre pastoral colectiva que determinou o desterro da maior parte. Mas o desterro era o menos que lhes podia suceder, quando não o vexame de serem apupados, escarnecidos na via pública.
Até aqui, nesta sala, como refere Teófilo Duarte, entre as risadas dos seus pares, um Deputado classificou os bispos de «vigaristas da religião, batoteiros do altar, funambulos da Cruz»!"
(19/02/1946) (continua aqui)
© Assembleia da República