26.11.05

Matéria solar

47.
Afinal eram mais de quatro,
os rios,
que sonhava sobre a garganta.

Não sei se dormem ou se esqueceram
que nome tinham -
nenhum acode.

Esse sou eu,
atormentado ramo de sol.

48.
Agora sai de cena à tua maneira,
abandona esse sol magro
às cabras e aos cardos.

Sem ruído, mas também sem hesitar,
desprende-te desse desejo
que vacila frouxo sobre a palha.

Precisas mudar de mão, ou de clima;
ou de pele;
ou simplesmente de latrina.

49.
Sei onde o trigo ilumina a boca.
Invoco esta razão para me cobrir
com o mais frágil manto do ar.

O sono é assim, permite ao corpo
este abandono, ser no seio da terra
essa alegria só prometida à água.

Digo que estive aqui, e vou agora
a caminho doutro sol mais branco.

tralha

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