47.
Afinal eram mais de quatro,
os rios,
que sonhava sobre a garganta.
Não sei se dormem ou se esqueceram
que nome tinham -
nenhum acode.
Esse sou eu,
atormentado ramo de sol.
48.
Agora sai de cena à tua maneira,
abandona esse sol magro
às cabras e aos cardos.
Sem ruído, mas também sem hesitar,
desprende-te desse desejo
que vacila frouxo sobre a palha.
Precisas mudar de mão, ou de clima;
ou de pele;
ou simplesmente de latrina.
49.
Sei onde o trigo ilumina a boca.
Invoco esta razão para me cobrir
com o mais frágil manto do ar.
O sono é assim, permite ao corpo
este abandono, ser no seio da terra
essa alegria só prometida à água.
Digo que estive aqui, e vou agora
a caminho doutro sol mais branco.