Gosto tanto tanto tanto da teatralidade dos filmes de Bergman, mas tanto. É tão caseirinha, tão familiar, tão natural. E a forma como as pessoas e os sítios surgem. As luzes, as cores. As vozes das pessoas. Nada é intruso, nos filmes de Bergman, não se pretende suplantar ou abafar o silêncio. Ou fingir que o pensamento é rápido, que nunca se perde nem confunde. Ou que somos fáceis e podemos ser arrumados em três prateleiras.
Sonata de Outono acaba com uma incerteza. Se o conflito de Eva (Liv Ullmann) e Charlotte (Ingrid Bergman) foi aplacado ou se continuará, como antes, à margem dos dias mas presente e pronto a ser outra vez tudo a qualquer instante, apesar de ter sido falado. Se calhar acaba como começou, com tudo o que foi dito ainda por dizer.