Três parágrafos brancos e uma imagem incrível
Lisboa soltou o nórdico que há em si: nunca tinha visto tantas luvas de lã, gorros e cachecóis como esta manhã. Eu quase não dei por nada: as tempestades tendem a adormecer-me e esta fê-lo de forma fulminante. Percebi, portanto, que ocorreu uma tempestade durante o fim-de-semana e pouco mais.
Nevão nevão foi o da Holanda, no início de Março do ano passado, e eu estava lá, com direito a transporte extraordinário de Maastricht para Amesterdão e de Amesterdão para Haia. Haia que é, como se sabe, aquela floresta que excepcionalmente permite a existência de algumas construções humanas. E eu que gosto de sol, que sou mediterrânica até ao tutano, que não troco o meu reino de coentros e azeite por conforto nenhum, eu que morreria de tristeza na luz mortiça da Holanda e que nunca vacilei a esse respeito, eu que acho uma sorte radiosa nascer-se e ser-se do Sul, fiquei com um nó na garganta quando vi as árvores todas curvadas sob quilos de neve e pensei, pela primeira vez, que se calhar até conseguia viver ali. Haia é cheia de encantos, mas nunca a vi tão bonita como no ano passado.
Aproveito para recordar o grande temporal de neve ocorrido em Madrid em 29 de Novembro de 1904, cujo centenário celebrámos no momento oportuno:
foi assim