6.2.06



Há uns anos, no fim de uma lição sobre distâncias focais, o professor incumbiu-nos de um TPC especial: ver ou rever, conforme os casos, «Laranja Mecânica». Porque Kubrick, antes do cinema, tinha sido fotógrafo, porque sabia a importância das distâncias focais e das lentes fixas, hábito que não perdeu no cinema mas aperfeiçoou; porque preferia afastar-se ou aproximar-se consoante o que queria, sendo que só assim conseguia o que queria, coisa que nós, se não queríamos ser uns reles mirones, devíamos também aprender a fazer e aprender a preferir; porque é a ver filmes que se percebe a sério e à séria o que é e para que serve uma distância focal; porque, em suma e ainda que isto tudo não bastasse, Kubrick era um mestre fotógrafo e devia entrar-nos pelos olhos dentro, de preferência através de «Laranja Mecânica».

Eu queria, desde então, ver que fez Kubrick antes do cinema, desejo que se intensificou depois de ter visto «A life in pictures». Só por isso Drama & Shadows, que reúne fotografias tiradas por Kubrick entre 1945 e 1950, já me parecia muito bem. Há dias comprei-o para oferecer e quando o vi com mais calma deixei de ter dúvidas: ainda que todas as fotografias estivessem na internet, e não estão, é mesmo livro para ter em casa, com possibilidade de permanência demorada em cima dos joelhos e frequência assídua da mesa de refeições, na conversa que se segue, com café, cigarros e outras delícias do luxo de ter tempo. Assim que puder, trago um para mim.



As soon as possible, as soon as possible.

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