19.7.05
Na mochila.
Aequipecten opercularis (imagem daqui)
1. Lembrar sonetos pode ser uma medida de tempo durante a natação de praia, numa técnica semelhante à das compilações com faixas de 30 segundos que, em laboratório, substituem os relógios. Agora nadar um soneto, amanhã nadar dois sonetos, mais tarde nadar três sonetos. Experimentei com outras formas, mas os sonetos têm um ritmo todo certinho e são os mais adequados. Como não sei outros de memória, usei os de Camões que conheço. Ditos para dentro, claro.
2. Como fazer sopa de tomate com peixe?
3. No início da década de 70 a RTP tinha um concurso chamado A Dona-de-Casa Ideal em que as candidatas tinham de cozinhar, pôr a mesa, servir à mesa, bordar, engomar. Coisa mais linda. Eu comprava os DVDs. A RTP Memória ainda me reconcilia com a televisão.
4. Parece-me que já sei por que é que a terra que escorre no tal túnel da Regaleira cheira tão bem; percebi quando vi as fotografias desse dia: esse túnel fica por baixo de uma grande área coberta de hortênsias, embora a descida sinuosa desoriente um bocado e as sensações sejam tão intensas – mesmo se sabemos que existe uma saída, a meio do percurso a incerteza torna-se absoluta e isto, a par do cheiro da terra, é o que me faz gostar de lá ir – que, quando se sai, as flores pareçam uma coisa longínqua. Não são. Anda-se sempre por baixo delas. Mas tenho de lá voltar para ter a certeza.
5. Aquela maresia áspera e súbita imediatamente a seguir à rebentação? Uma praia cheia disso. Tenho de voltar para ter a certeza.
6. Não gosto tanto das conchas certinhas e dos búzios perfeitos como gosto das estrias das rochas com as idades do mar, das conchas partidas, das conchas grossas com outros fósseis agarrados, das conchas fixas na pedra ou só já molde num pedaço de rocha. Há anos maus e há anos bons. Este ano foi bom.
7. Não muito longe disto anda aquilo que senti, em miúda, quando visitei a aldeia da barragem do Gerês que habitualmente está submersa, num ano em que as águas desceram e tudo era outra vez visível. As imagens foram-se perdendo. Agora lembro-me de duas coisas: das cores da areia lisa e escorrida, nuns sítios muito branca, noutros cinzenta, e do quadro de ardósia no edifício da escola. O que senti, por descodificar e compreender, continua intacto.
8. As gaivotas riem como as hienas.
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