«Talvez fosse boa ideia um de vós deixar uma mão de fora, para me pagar as nozes»
Há uns dois meses que me basta adormecer para que os sonhos, curtinhos, se sucedam uns aos outros. Tenho sonhado com praticamente toda a gente e todos os tempos da minha vida, além de sonhar com desconhecidos e com outras vidas (que não a minha). Isto anda a correr muito bem, parecem-me exercícios de aquecimento, e tenho esperança que não tardem os sonhos longos com histórias mais coerentes (mesmo se absurdas), quase tão porreiros como ir ao cinema e que me fazem ter vontade de ir dormir a horas decentes.
É que é perfeito, repare-se: uma pessoa tem de dormir, vai dormir mas, enquanto dorme, acontecem histórias, ideias, imagens e sons e, ao mesmo tempo, o corpo regenera para o dia seguinte. É como fazer directas a ver filmes sem as consequências nefastas das directas. Excelente. Só tenho pena de não conseguir provocar isto [aqui e aqui os sonhos, respectivamente, do terramoto e do sacerdote].
Ontem sonhei com o Repórter Lírico. Não percebi nada. Havia muita algazarra, o Repórter estava com a Lídia, encontrei-me com eles num mercado ao ar livre, o sol, muito, ia alto e eu achei que a hora devia andar à volta das onze e tal, meio-dia. Um vendedor, que era o Al Pacino e que estava vestido com jardineiras, enchia com nozes um saco enorme. Um saco de nozes como um saco de batatas. A Lídia disse-me Já viste como o Repórter está azul, Ana? Não deixes de ver. Eu vi, mas não o achei azul. Entretanto, o vendedor tinha acabado de encher o saco, que abria à nossa frente, para nos mostrar as nozes mas também à espera que entrássemos. Nada foi dito nesse sentido mas era essa a ideia, pelo que entrámos no saco das nozes com a naturalidade de quem entra num elevador. O vendedor deu uma lanterna a cada um, desejou-nos boa viagem e, quando ia atar o saco, disse Talvez fosse boa ideia um de vós deixar uma mão de fora, para me pagar as nozes. Rimo-nos. Escureceu. E começou outro sonho.
10.1.06
coisas
mais coisas
húmus
a luz nas telhas
a noite dança
alec soth
alex maclean
alfredo cunha
alice in chains
andré kertész
anywhen
armi e danny
arthur dove
as árvores
aulas de CC
beatles
bergman
bompovo
brecht
bunny suicides
carl sandburg
cassandra wilson
cato salsa experience
centrifugação blogger
christian schad
cig harvey
coisas que ninguém diz e que toda a gente sabe
dan nelken
dave mckean
decisions
deus inventou o sexo
diário de bordo
ditty bops
e. e. cummings
el greco
ella fitzgerald
emil nolde
enid blyton
fausto bordalo dias
françois clouet
fredrik marsh
garcía lorca
geografia
gógol e kureishi
gonçalo m. tavares
góngora
hans baldung grien
hans cranach
horas da ciência
howe gelb
hp5
hyeyoung kim
i'm going away to wear you off my mind
ironia natalícia
jan van eyck
jesus na comida
jornal do insólito
josé carlos fernandes
ken rosenthal
lei bloguística
leitura de sobrevivência
león ferrari
louis jordan
madrid
maelesskircher
manuel alvarez bravo
mario abbatepaolo
matéria-prima
mau feitio
mauro fiorese
miles davis
missy gaido allen
monk
noronha da costa
o piano de tom jobim
philip larkin
piero de la francesca
ponce de léon
post de gaja
pronto-a-vestir
quadrado fi
Quadros que roubaria no Thyssen
quino
R.E.M.
raïssa venables
robert doisneau
rui knopfli
sarastro
sequoia sempervirens
sidney bechet
stieglitz
t.s.eliot
tennessee williams
tom chambers
trepadeira
universos múltiplos
você é um idiota
winslow homer
xavier seoane
yousuf karsh
zeca
zurbaran
tralha
cavaleiros electrónicos
oscavaleiroscamponesesATyahooDOTcom